MICHAEL BARRETT
1926-2004
MAS, AFINAL, QUEM FOI
MICHAEL BARRETT, O PINTOR?
"Mas, afinal, quem foi Michael Barrett, o Pintor? Não
resisto á tentação de, para responder, usar as suas próprias palavras:
"...Quem sou eu, senão um ser atormentado, como todos os homens, que não
quer senão pintar, que só não é medíocre pintando? Quem sou eu, senão alguém
que sonha com dias cada vez melhores, para ele, para a sua família e amigos e
para a sua pintura, a sua maneira de falar, de comunicar e de estar na vida? No
fundo, quem sou eu?”
Reapreciando, este auto-retrato, fica claro que Barrett se
percebe com um artista plástico fora da mediocridade. Apenas no campo da
pintura se exclui do resto dos humanos que ele acredita ter e viver angústias
próximas. Provavelmente por não achar importante, não referiu o facto de ser
ele um homem apenas comprometido com o seu trabalho. A ele sujeitou parentes e
amigos mesmo quando isso foi difícil de fazer. Como atrás se escreve, nada do
que fosse encomenda, sugestão ou projecto alheio, tinha resposta que não
surpreendesse pela diferença, qualidade e carácter pictórico. Na sua arte, era
absolutamente livre e não abdicava dessa maravilhosa prerrogativa.
Muitas obras, algumas de excepção, foram recusadas pelos
clientes, incapazes de as sentir ao primeiro olhar. Não davam com as cortinas
ou integravam-se mal junto aos cloisonné
da sala. E Barrett saía deprimido, de bolso e alma vazios, para sofrer, a sós,
as carências, a incomunicabilidade e os inúmeros ciclos viciosos a que a defesa
intransigente da sua liberdade obrigava. Entendiam-no como irreverente e
refractário a qualquer tipo de método, prazo ou horário. Funcionava pelos seus
ritmos interiores ou através de aconselhamento de poucos amigos. Na realidade,
nunca foi possível amarrá-lo a ideias ou programas burocráticos e, por essa
simples razão, não trabalhou com as Galerias que o poderiam ter colocado no
primeiro plano da arte contemporânea nacional."
Edgardo Xavier in "Michael
Barrett, Um Génio Marginal"
O Pintor nasceu em Paris a 13 de Fevereiro de 1926 e faleceu
a 6 de Maio de 2004. Viveu e pintou, predominantemente, em Cascais, Figueira da
Foz e Aveiro. Repousa no Cemitério da Guia em Cascais.
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